domingo, 12 de junho de 2011

Traficantes lavam dinheiro com imóveis

ESTRATÉGIA
DILSON PIMENTEL
om o dinheiro da venda de drogas, os traficantes, no Pará, compram principalmente imóveis. É uma das maneiras de "lavar" os recursos ganhos de forma criminosa. "Detectamos que 90% do lucro das drogas é ‘lavado’ em compra de imóveis, que são colocados sempre em nome de parentes", diz o delegado Hennison José Jacob Azevedo, diretor da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), ligada à Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO). Segundo ele, o grande traficante, ao ser preso, não fica mais pobre. Ao contrário. "Ele fica mais forte ainda, pois a Polícia apreende somente a droga, mas o dinheiro fruto do tráfico continua com o traficante", completa.
É por isso que, de dentro da cadeia, o criminoso continua gerenciando seus negócios criminosos, "ficando até mais poderoso", acrescentou o policial civil. Hennison também informa que o dinheiro é depositado em contas-correntes que não são localizadas pela Polícia. Muitas vezes, diz o delegado, os imóveis são comprados na periferia da cidade. As investigações da DRE descobriram que um certo traficante, que hoje está na cadeia, construiu vários kitchenettes no município de Marituba.
Ainda segundo as apurações, um outro traficante tem um imóvel em Belém que vale quase R$ 1 milhão, afirma Hennison. Ele citou o exemplo de um terceiro traficante, membro do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Pará - a organização criminosa com forte atuação nas cadeias de São Paulo - e preso ano passado pela DRCO. "Ele tinha várias vans fazendo o transporte alternativo em Icoaraci", afirma o delegado. Mas os traficantes também investem o dinheiro do tráfico em aparelhagens sonoras. Esses recursos são usados, ainda, para financiar outras atividades criminosas, como roubos a bancos. Os investimentos feitos pelos traficantes são conhecidos a partir das investigações policiais. Mas a grande dificuldade é poder materializar essa "lavagem" de dinheiro.
Segundo o delegado Hennison, a Polícia e as demais instituições não têm conseguido recuperar esse dinheiro. "Ainda não temos os meios adequados para conseguir rastrear e demonstrar para a Justiça, que é quem decide, o caminho do dinheiro do tráfico de drogas e outra modalidades, como o roubo a banco e crimes tecnológicos", explica. Assistente do delegado Hennison na DRE, o também delegado Ricardo Caçapietra diz que apenas a prisão e, no caso específico, a apreensão de drogas não resolvem o problema. "O traficante ou o corrupto, com o cometimento do crime, acaba fazendo uma verdadeira poupança. Então, mesmo presos (e isso quando são presos), acabam usufruindo pessoalmente, ou seus familiares, dos bens, valores e direitos que tiveram com a ação criminosa", acrescenta. Segundo ele, não basta, portanto, apenas prender o criminoso. "É preciso descapitalizar o traficante", afirma.
Da redação
Polícia diz que 90% do lucro das drogas são "investidos" no mercado imobiliário

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