quarta-feira, 20 de abril de 2011

Dia do Índio é marcado por protesto contra Belo Monte

EM PÉ DE GUERRA
Sheyla Juruna não descarta violência se governo insistir em fazer a usina
Brasília
THIAGO VILARINS
Da Sucursal
A insistência do governo em construir a usina hidrelétrica de Belo Monte, transformou a data de hoje, o Dia do Índio, em uma data de protesto. Segundo a representante dos povos indígenas junto ao Movimento Xingu Vivo para Sempre, Sheyla Juruna, o dia será de intensificar a batalha contra o empreendimento. "Não tem o que festejar no Dia do Índio, a gente tem muito é que brigar mesmo, demonstrar a nossa insatisfação diante desse governo injusto, que está aí levando tudo do jeito que ele quer, contra o nosso povo", protestou.
Em entrevista exclusiva a O LIBERAL, Sheyla, que é da aldeia indígena Juruna, no município de Vitória do Xingu, localizado no local onde está programado a construção do lago de 516 Km², alerta que os povos estão preparados para ir até o fim dessa batalha contra o mega-empreendimento. Destaca, inclusive, que os indígenas estão prontos para guerrear até a morte. "Não descarto essa possibilidade, porque é o governo que está instigando essa violência, essa guerra. E isso vai acontecer e a culpa será do governo. Nós não temos medo. O que tivermos que fazer para defender nossas casas, nós vamos fazer. Vamos nos defender até o fim desse governo que fala em acabar a miséria, mas está fazendo com Belo Monte mais miseráveis." Confira a entrevista:
 A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte pode ser apontada como a maior preocupação dos indígenas do Estado no dia de hoje?
 Com certeza. Isso porque quando se fala em empreendimento de barragem na Amazônia, a gente entende que é um assunto de dimensão muito maior. A Amazônia é o coração do mundo, a floresta está na Amazônia e se empreendimento de barragem a destrói vai prejudicar todos os povos do Brasil. A nossa preocupação com o povo indígena do Xingu é isso: é não haver empreendimento de barragem, porque isso destrói nossos territórios. É uma questão muito complicada, nós estamos sofrendo os impactos diretos e o governo não está olhando para isso. Eu estou muito preocupada. Não tem o que festejar no Dia do Índio, a gente tem muito é que brigar mesmo, demonstrar a nossa insatisfação diante desse governo injusto, que está aí levando tudo do jeito que ele quer, contra o nosso povo. A gente está aí sempre falando que o governo não fez um estudo na Bacia do Xingu, eles dizem que só vai atingir uma parte da bacia, mas no nosso entendimento vai atingir toda a bacia do Xingu. Por isso que os nossos parentes na Amazônia e todos os povos do Brasil estão com a gente nesta causa. O que está acontecendo agora é que o Governo tem entregado para a empreendedora a função que é dele, que é demarcar a nossa terra, de prestar assistência à saúde de qualidade e a nossa educação, porque é uma condicionante para o empreendedor, mas não está certo, é injusto, é uma violação do nosso direito.

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