segunda-feira, 16 de maio de 2011

Dono da Real Engenharia diz não ser responsável pela queda do prédio Real Class

Quatro meses depois do desabamento do prédio Real Class, os últimos depoimentos dos envolvidos no caso foram colhidos nesta quinta-feira (12), na DIOE (Divisão de Investigações e Operações Especiais), em Belém. O dono da empresa Real Engenharia, Carlos Otávio Lima Paes, e o filho dele, Carlos Otávio Lima Paes Junior, falaram por mais de quatro horas, a portas fechadas.


De acordo com o delegado responsável pelo inquérito, Rogério Moraes, a única peça que falta para a conclusão do processo é o relatório final, onde deve ser informado se os dois serão ou não indiciados. Até o momento, apenas o engenheiro calculista da obra, Raimundo Lobato, foi indiciado. Ele vai responder por homicídio culposo e lesão corporal.


O primeiro a depor foi Carlos Otávio Junior, que falou por cerca de duas horas. Logo após, foi a vez do pai dele depor. 'Nós respondemos tudo baseado nos três laudos estruturais, que acusaram erro no cálculo estrutural como única e exclusiva causa do acidente', afirmou o dono da empresa. O laudo oficial foi divulgado no dia 15 de abril, pelo Centro de Perícias Científicas Renato Chaves e comprovou que a causa do desabamento foi erro no cálculo estrutural.


Os depoimentos foram acompanhados pelo advogado da empresa, por dois promotores do Ministério Público Estadual e pelo delegado Rogério Moraes. De acordo com o advogado criminal da empresa Real Class, Roberto Lauria, a construtora não é responsável pela causa do acidente. 'A empresa contratou o Raimundo Lobato e ele elaborou todo o projeto e a Real Class apenas o executou. Além disso, os engenheiros executores não têm obrigação de fiscalizar o projeto do calculista', afirmou o advogado.
'Nós construímos um prédio em que o único desacordo era a espessura dos estribos. Em 2003 foi sugerido pela norma que o tamanho deveria ser 5.0, mas o calculista não atendeu a sugestão e usou do tamanho 4.2', relatou Carlos Otávio, o pai. Em depoimento na semana passada, o engenheiro calculista afirmou que a decisão de ter usado esse tamanho era para diminuir os custos da obra. Os engenheiros executores negam essa informação. 'Isso é uma leviandade. Estamos falando de uma economia de R$ 200 para um empreendimento de R$ 20 milhões', ressaltou o dono da Real.


Segundo o advogado da empresa, um orçamento informando os preços dos tamanhos dos estribos foi entregue à Polícia para comprovar que não há diferença nos valores. O delegado, no entanto, disse que não recebeu esse orçamento, apenas foi dito em depoimento. 'Nós não recebemos nenhum orçamento, mas eles disseram durante o depoimento. Nós vamos investigar e ver se confere essa informação', afirmou.
O relatório final deve ser concluído até o final da próxima semana e será encaminhado para o Ministério Público Estadual.

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