segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Crise da Dívida. Até quando vai Portugal aguentar a pressão?

Será uma semana de nervos e alta tensão. Quarta-feira, Portugal volta aos mercados para tentar vender dívida de longo prazo, a cinco e a dez anos, com valor de referência entre 750 milhões e 1.250 milhões de euros. E face à escalada da pressão de governos e instituições europeias para Portugal pedir ajuda, o resultado do próximo leilão de dívida pública pode ser o factor decisivo.

Ontem, fontes comunitárias citadas pela Reuters revelavam que há conversas preliminares sobre a possibilidade de Portugal pedir ajuda para se financiar, caso os custos no mercado disparem, desde Julho de 2010. Embora não existam contactos formais, a fonte confirma as notícias da imprensa espanhola e alemã ("El Mundo" e "Der Spiegel"). "França e Alemanha defenderam, no quadro do Eurogrupo (órgão que reúne os países da zona euro) que Portugal deveria pedir ajuda, quanto mais cedo melhor". O responsável até avança com valores para o pacote de ajuda a Portugal: entre 60 mil e 80 mil milhões de euros, um intervalo que ainda não faz as contas a eventuais ajudas para o sistema bancário português. É que se não há mercado para a dívida pública, também não há financiamento para os bancos.

O governo de Sócrates voltou ontem a desmentir a existência de pressões. Mas se estas não existem em privado, em público são bem evidentes nas capas dos jornais e agências de referência europeus. O principal objectivo seria travar o contágio a Espanha, quarta maior economia do euro, apesar de a história recente contar que a seguir a um resgate, os mercados procuram a vítima seguinte.

O aumento dos juros da dívida soberana no mercado secundário é já uma séria ameaça ao leilão da quarta-feira. O custo exigido pelos investidores para comprarem as obrigações a cinco anos - 6,43% - já é superior aos juros que o país pagaria ao abrigo de um pacote do Fundo Europeu para a Estabilidade Financeira. Mas qual seria o tecto de juros suportável para Portugal?

Se os juros ultrapassarem os 7%? O único número assumido pelo governo são os 7% anunciados por Teixeira dos Santos em Outubro de 2010. Desde então, os juros da dívida soberana já ultrapassaram várias vezes esse patamar, a última das quais na semana passada em que fechou em 7,227%, mas apenas no mercado secundário. No último leilão de obrigações, em Novembro, os títulos a dez anos foram vendidos no mercado primário a um juro de 6,738%.

Se quarta-feira for ultrapassado de forma substancial o limite de 7%, não restará margem a Portugal para continuar a adiar o pedido de resgate, consideram os analistas ouvidos pelo i. E pior do que pagar um juro alto, defendem, seria o país adiar a operação. Essa foi uma das decisões que precipitaram o pedido de ajuda da Irlanda, lembra o economista João Duque.

A colocação privada de dívida, que o Ministério das Finanças confirma, mas sem revelar valores ou comprador - admite-se que investidores chineses podem ser os destinatários -, também não é a solução. Pode retirar um pouco da pressão no curto prazo, admite João Duque, mas seria essencial saber que taxa está Portugal a pagar nestas operações, sobretudo se for acima do preço do mercado.

Segundo a agência Bloomberg, o país vendeu mil milhões de euros, a dois anos e meio, numa colocação privada montada pelo Deutsche Bank. O Ministério das Finanças apenas destaca a realização da operação que "se insere na estratégia que tem vindo a ser seguida de diversificação da base de investidores. Mas mesmo que essa "estratégia" dê mais frutos, não é alternativa ao mercado porque Portugal precisa de pedir cerca de 40 mil milhões de euros este ano, dos quais 20 mil milhões correspondem a nova dívida.

Para a generalidade dos analistas internacionais, o país já está a pagar um nível de juros que não é sustentável. Isso mesmo diz Steven Mansell, director da estratégia de taxas de juro do Citigroup Global Markets. "Pedir dinheiro emprestado a este nível só vai agravar ainda mais o fardo da dívida e tornar a situação pior" para Portugal, afirmou à Bloomberg. Ou seja, os efeitos positivos da consolidação orçamental podem ser anulados se a factura com os juros disparar. Em 2011, já vai subir 28% para 6100 milhões de euros.

Também Thomas Mayer, o chefe de gabinete de estudos económicos do Deutsche Bank vaticina que Portugal terá de recorrer ao fundo de resgate se os mercado continuarem a não oferecer condições aceitáveis de financiamento. Em declarações à Lusa, o responsável tem muitas dúvidas de que Portugal consiga a "confiança suficiente dos mercados" para poder agir de forma autónoma, contrariando a repetida mensagem do secretário de Estado do Tesouro, para quem a colocação de 500 milhões de euros na semana passada, a um juro de 3,86%, "reflecte a confiança dos investidores nas medidas de consolidação orçamental". Thomas Mayer repete, por isso, os argumentos atribuídos pela imprensa a governos e instituições europeus: "É melhor agirem rapidamente, e requererem ajuda de forma pró-activa".


por Ana Suspiro e Ana Sá Lopes, Publicado em 10 de Janeiro de 2011  |  Actualizado há 9 horas
 
Pois e nao falta muito para PORTUGAL estar na situaçao da GRECIA ainda me lembro a uns anos quando o governo perguntou aos portugueses se queriam aderir a uniao europeia e perguntaram tambem se queriam a moeda unica europeia(euro) a maioria venceu eu era totalmente contra porque portugal e muito pequenino e importa mais do que exporta nessa altura muitos camaradas que trabalhavam comigo me criticaram de eu ser do contra agora muitos deles nao teem como pagar a casa ou apartamento onde vivem devido aos constantes subidas do juro europeu tb era contra a moeda unica porque tudo que custava 100 escudos passou a custar 1 euro o que equivale a 200 escudos agora os portugueses pagam a factura quem semeia ventos colhe tempestades,agora vejo poucas soluçoes certamente os impostos vao subir e os ordenados vao subir muito pouco espero que o brasil nao siga o mesmo exemplo de moeda unica sulamericana.

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