domingo, 20 de fevereiro de 2011

Professores de Ananindeua têm que comprar até caneta

PÉSSIMA LIÇÃO - Salas construídas para 30 alunos comportam até 50, denuncia sindicato
ENIZE VIDIGAL
Da Redação
A situação da educação em Ananindeua é das piores, denuncia o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp). Os professores reclamam que grande quantidade de carteiras e quadros necessitam de reparos ou substituição e turmas superlotadas com 45 a 50 alunos em salas construídas para até 30 alunos. Também faltam materiais de expediente, como apagadores, canetas para quadro e até diários de classe, que têm sido comprados pelos professores para fazer o controle da presença dos alunos. 'Eles (prefeitura) dão a primeira caneta e a gente que se vira pelo resto do ano, comprando tinta pra recarregar ou comprando novas', contou a secertária-geral do Sintepp de Ananindeua, Sandra Azevedo. Já para os diários de classe, a coleta exigida pelos diretores, desde o ano passado, é de R$ 3,00 por professor.
Na Escola Benedito Maia, situada no centro do município a cerca de dois quilômetros da Semed, Beto Andrade e Sandra Azevedo, respectivamente coordenador-geral e secretária-geral do sindicato, relatam que as goteiras atingem até a sala multimídia, ameaçando danificar equipamentos. Já na Escola Maria do Carmo, a fiação do quadro de registro elétrico está exposta, promovendo risco a alunos e funcionários. 'Essas são maneiras de cada vez mais menosprezar o educador. As escolas tradicionais estão caindo aos pedaços. Esse é o valor que dão para a educação', desabafa penalizado o diretor sindical Adinaldo Souza.
SALÁRIOS
O Sintepp informou que, na Prefeitura de Ananindeua, o piso do professor de formação de nível médio é de R$ 833,00 e de nível superior, de R$ 1.082,00. Mas não há gratificações, uma realidade de grande contraste com os R$ 4.200,00 recebidos pelo suposto fantasma lotado no gabinete da titular da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Elieth Braga.
Em janeiro de 2009, os servidores da educação conquistaram o auxílio alimentação de R$ 170, estabelecido em decreto. Mas a conquista durou pouco. De janeiro a março, o benefício foi suspenso e voltou em abril com um corte de 50% (R$ 140), causando insatisfação. As perdas salariais estão acumuladas em 24%, segundo os sindicalistas.
'O prefeito [Helder Barbalho, do PMDB] diz que falta recurso. O Orçamento de 2010 foi aprovado com o auxílio-alimentação de R$ 170. O Fundeb saiu de R$ 34 milhões, em dezembro de 2008, para R$ 49 milhões, em dezembro de 2010. Como é que não tem recurso?' questiona Beto Andrade, coordenador-geral do Sintepp em Ananindeua. Outra dúvida é sobre o aumento da arrecadação propalado pelo prefeito, o que elevaria ainda mais os investimentos no ensino, que tem que ser de 25% do orçamento. 'Calculamos que a prefeitura teria R$ 60 milhões pra educação, em 2010. Cadê?'. 'Há um descontentamento da categoria com o prefeito Helder, que não negocia benefícios aos trabalhadores da educação', acrescenta Souza. 'O prefeito penaliza uma categoria inteira (com o corte do auxílio-alimentação) e aparece essa situação de funcionários
fantasmas', esbraveja.

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