quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Quadrilha aplicava golpe contra os aposentados

ITAITUBA
Funcionários públicos participavam do esquema
A Polícia Civil desmontou em Itaituba, oeste do Pará, um esquema criminoso de desvios de empréstimos de aposentados no município. O golpe envolvia dois funcionários de uma empresa financeira, um servidor do INSS local e um ex-servidor municipal. Os quatro acusados foram presos em cumprimento de ordem judicial de prisão temporária. Eles são o casal Roberta Nogueira Tertulino, 28 anos, e Cleiton Mesquita dos Santos, 37; e os servidores públicos Braz Allan Karder Viana Pereira, que atua no INSS, e Valterlon Paiva, 30, ex-servidor municipal. A Justiça também concedeu mandados de busca domiciliar nas casas dos acusados e na sede da empresa CR Financeira, onde foram apreendidos objetos usados no crime que servem de provas de materialidade, como CPUs, contratos de empréstimos, entre outros.
Segundo o que foi apurado, Cleiton e Roberta, de posse dos dados de aposentados, em conluio com Valterlon e Viana no INSS, registravam boletins de ocorrência com falsas informações, com os quais cancelavam empréstimos legítimos feitos por outras pessoas. Em seguida, Cleiton e Roberta efetuavam um novo empréstimo e ficavam todo o dinheiro. Eles permanecerão presos à disposição da Justiça. As ordens de prisão têm validade por cinco dias.
Iniciada em 19 de janeiro deste ano, a investigação começou com instauração de inquérito para apurar autoria e circunstâncias em que ocorreram crimes de formação de quadrilha ou bando, falsidade de documento público, estelionato, falsidade ideológica e corrupção ativa e passiva. Segundo informações, Valterlon Paiva, funcionário concursado da Prefeitura de Itaituba, foi designado, em 2008, para prestar serviços 19ª Seccional da Polícia Civil, em Itaituba, onde era encarregado do registro de ocorrências.
No final de setembro do ano passado, o servidor foi procurado por Roberta Nogueira Tertulino, que trabalhava na CR Financeira, empresa do ramo de empréstimos a aposentados e pensionistas, para registrar boletins de ocorrências comunicando supostos "empréstimos indevidos" lançados em contas bancárias de aposentados. A situação se repetiu muitas vezes e Roberta apresentava procurações assinada pelos aposentados. Roberta passou a oferecer dinheiro para que Valterlon registrasse as ocorrências com os dados das pessoas. "Ela passou a trazer os endereços das pessoas e os dados delas nos quais os endereços estavam como moradores na zona rural no município sem apontar a localidade", explicou.
O marido de Roberta, Kleiton Mesquita dos Santos, sócio dela no esquema, convenceu Valterlon a continuar a registrar as ocorrências, que foram mais de 50, segundo contagem feita pela Polícia Civil. Todas as supostas vítimas tinham endereços na zona rural do município. Valterlon passou a receber os documentos no escritório da CR empréstimos, onde recebia o pagamento pelo serviço: de R$ 15 a R$ 20. Valterlon alegou, em depoimento, desconhecer quanto Kleiton e Roberta embolsavam os valores de empréstimo e que não sabia que as ocorrências eram utilizadas em fraudes. As investigações mostraram que, para despistar escrivães e delegados, de forma que não tomassem conhecimento do número excessivo de registros de empréstimos indevidos, Valterlon não lhes repassava os boletins de ocorrência. Tudo foi descoberto quando uma vítima denunciou o fato à Polícia Civil de Santarém. Ele comunicou a adulteração de seu documento de identidade, onde consta ser analfabeto enquanto o mesmo é alfabetizado.

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