terça-feira, 26 de julho de 2011

A força da marajoara com sangue português Parte II

Aos 19 anos, Yolanda não sabia que o nome Antônio ia marcar para sempre a vida dela. Com essa idade, ela casou com Antônio Alves Teixeira Pinto em 13 de junho de 1959 (dia de Santo Antônio) e o casal foi morar na vila de Antônio Lemos, também em Breves, onde o marido já habitava. O casal teve sete filhos, seis mulheres e um homem.
A vida em Antônio Lemos girava em torno das serrarias, Antônio, hoje com 75 anos, chegou a trabalhar em uma até os 16 anos. “Comecei a trabalhar com 12 anos como auxiliar de máquinas que fazias essas peças de móveis, tábua para assoalho e outras artes, tanto a gente fazia para o mercado local, aqui para Belém, e também para o Rio de Janeiro, onde a empresa tinha serraria e marcenaria no RJ. Quando eu sai de lá já trabalhava na parte de escritório, tinha que bater máquina, porque naquela época não tinha computador. Chamava Manoel Pedro Companhia Limitada, era uma empresa portuguesa”, lembrou Antônio.
Para ganhar dinheiro, o marajoara fez um pouco de tudo. “Lá eu trabalhava no escritório, tomava conta de aparelhagem de som, que chamava pick-up, eu que mexia com tudo. Também fui locutor esportivo, era tudo lá, eles aproveitavam meu talento e foram me usando”, comentou.
Ele se mudou para Belém com 23 anos, já casado e com três filhas. “Eu não via um futuro para elas aprenderem, estudarem em Antônio Lemos. Lá era precaríssimo. Aqui conseguimos formar todos eles, esforço meu e da mulher. Acredito que só eu ou só ela que não podia levar o barco para tão longe. Eu só vim aprender alguma coisa quando eu vim para cá. Tentei fazer cursos, mas não deu, porque tinha que trabalhar de dia e de noite para sustentar a casa”.
Origens
A miscigenação também esteve presente na árvore genealógica de Antônio. Ele é descendente de portugueses e nordestinos.
O pai saiu do nordeste e foi soldado da borracha no Pará, como lembra seu Antônio.
Vida em Belém
Antônio faz comparações entre Breves e Belém. “Lá era um distrito muito atrasado, tinha muitas pessoas analfabetas, a gente queria conversar, abordar um novo assunto e  eles partiam logo para ignorância, eu me sentia mal com aquilo, a diferença era muito grande. Tinha aquelas escolas, que nomeavam as professoras de lá mesmo, pessoas leigas que não sabiam nem escrever nem o nome. E eu como sempre fui curioso, fui me puxando por mim mesmo. Mandava buscar jornal, revista aqui em Belém para ir me atualizando, eu sabia de algumas coisas. Os caras lá me perguntavam das coisas e eu sabia informar alguma coisa”.
Na época não tinha rádio em Breves, mas seu Antônio deu um jeitinho de manter-se informado.
Em Belém, Antônio foi gerente da recepção do hotel Avenida, localizado na Presidente Vargas por cinco anos e depois trabalhou como caminhoneiro. “Achei tão bom que passei 23 anos dentro de um caminhão lutando, mas lutando mesmo. Tinham vezes que começava às 5h30 e chegava em casa às dez  da noite, cheio de lama e areia, mas eu gostei da profissão e me aposentei assim, como autônomo”, relembrou o marajoara.
Ele fala dos momentos dentro do caminhão.
Antônio rodou de norte a sul do Pará nas décadas de 70 a 90 e fala sobre o Estado de ontem, de hoje e as mudanças. 
Sentimentos pelo Estado
“Eu gosto muito daqui, como paraense que eu sou, gosto muito do Pará. Não sei o que vai dar essa divisão ai. Tou pensando se voto contra ou a favor., porque vai ter plebiscito. Mas sou fã do Pará, da Ilha do Marajó que eu me criei lá, lá é Marajó. Eu conheci aquilo tudo andando de canoa, de motor de popa, aquele rio, até Gurupá eu conheço tudo, centro de Soure, Ponta de Pedras e muito mais”.
Apesar do amor, ainda falta muito para um grande desenvolvimento do Estado.
(Sâmia Maffra, DOL)

Nenhum comentário:

Postar um comentário