quinta-feira, 14 de julho de 2011

Homem esquartejado em motel era um vigilante

A divulgação das imagens das roupas utilizadas pelo homem encontrado esquartejado na última segunda-feira, dentro do quarto de um motel, na BR-316, bairro da Guanabara, em Ananindeua, ajudou a Divisão de Homicídios na identificação da vítima.

Trata-se do segurança Joelson Ramos de Souza, de 32 anos. O cadáver dele foi encontrado em pedaços dentro de sacos plásticos, decapitado e com as pontas dos dedos das mãos cortadas. A polícia trabalha agora para identificar a mulher que atraiu a vítima ao motel e o outro homem que a acompanhava no dia do crime. Com a repercussão do caso através do DIÁRIO, o comerciante Marihugo Siqueira procurou na tarde de ontem a produção do programa “Barra Pesada”, da RBATV. Pedindo para falar diretamente com o apresentador Ronaldo Porto, o comerciante revelou com exclusividade que havia fortes indícios de que o corpo encontrado esquartejado tratava-se de seu sobrinho, o vigilante Joelson Ramos de Sousa, de 32 anos. Durante entrevista ao vivo, Marihugo contou ao apresentador Ronaldo Porto que ficou preocupado com o desaparecimento do sobrinho e com a notícia publicada no dia seguinte no DIÁRIO e resolveu procurar ontem pela manhã o Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”. “Com meu sobrinho desaparecido desde às 20h de domingo e com a notícia sobre o crime sendo comentada por todos na rua, amigos e parentes começaram a entrar em contato comigo pedindo informações sobre ele”.

Marihugo conversou com os peritos criminais e informou sobre as características físicas de Joelson, como estatura, os sinais que ele tinha pelo corpo e a cicatriz profunda em um dos braços em virtude de um acidente. “Lá, o médico me mostrou fotos chocantes me provando que todas as informações repassadas foram encontradas no corpo da vítima. Além das roupas muito semelhantes às de Joelson”.
IMAGENS

As imagens das roupas utilizadas por Joelson no dia de seu desaparecimento também foram vistas na TV pelo mototaxista que o conduziu até o motel da BR-316. A testemunha procurou a polícia depois de ser convencida pela esposa a falar sobre o fato.

O mototaxista procurou a seccional da Marambaia e posteriormente a sede da Divisão de Homicídios. “Eu peguei ele na Rodolfo Chermont, em frente à Big Ben e acertamos o preço da corrida até o motel. Ele foi até o caixa eletrônico, sacou o dinheiro e fomos embora”, contou inicialmente a testemunha.

Questionado pelo delegado Luiz Xavier, da Divisão de Homicídios, o mototaxista deu ainda outros detalhes da conversa com Joelson e sobre um telefonema que ele recebeu antes de ir até o motel. “Uma pessoa ligou para o celular dele e eu perguntei se ele estava com pressa. Ele respondeu que sim e ainda brinquei com ele dizendo que pra estas ‘coisas’ não pode ter pressa. Ele ligou para uma pessoa e disse que em 10 minutos estaria lá e perguntou o número do quarto. Aí fomos”. A confirmação de que o corpo esquartejado era mesmo de Joelson ocorreu depois que uma foto do ex-segurança, fornecida pela família, foi mostrada ao mototaxista. A testemunha não teve dúvidas que se tratava da mesma pessoa que ele havia transportado até o motel.
Paixão começou pela internet e encontro foi fatal

De acordo com familiares, amigos e vizinhos da vítima, Joelson era uma pessoa fechada, de pouca conversa, mas trabalhador e sem nenhum tipo de vício. Mas foi uma paixão com uma mulher supostamente identificada como Nathália, iniciada através de uma rede social na internet, que o vigilante vislumbrou a oportunidade de uma vida marcada pela solidão ser finalmente preenchida, mas que acabaria por levá-lo a uma morte macabra e friamente premeditada.

A tia de Joelson, Julia Bentes, que é vizinha da casa onde ele morava, na rua Vinte e Quatro de Agosto, no bairro da Marambaia, revelou que a vítima morava sozinha, não era casada e nem tinha filhos.

“Ele era muito fechado. Não falava da vida dele pra ninguém. Chegava do serviço dele e ficava em casa. Não era de ter camaradagem, não bebia, nem fumava”.

Mas a surpresa veio no sábado (2) quando Joelson passou a colocar seus poucos móveis e eletrodomésticos em uma Kombi fretada. Ele então contou que iria embora para Macapá, onde encontraria “seu amor”. Os objetos seguiram de barco para a capital amapaense.
PLANOS

O tio, Marihugo Siqueira, disse que também conversou com Joelson depois que ele comunicou a decisão de ir embora. “O Plano dele era morar com ela e montar uma lanchonete por lá. “Eu disse a ele: não vai. Fica aqui, eu te ajudo a montar uma lanchonete e depois a gente vê como faz. Mas traz ela pra cá”.

Na noite de seu desaparecimento, Marihugo relatou que Joelson se encontrou com um entregador da lanchonete da qual ele é proprietário. “Ele contou a ele que a mulher estava em Belém e que até achou estranho porque iria encontrar com ela no outro dia (segunda-feira, 11) em Macapá. Acho que ele era um abestado, porque ele dava tudo para ela. Mandava tudo que ganhava para ela”, comentou Marihugo.

Na página de Joelson Ramos de Sousa no site facebook, a última frase publicada no dia 7 de julho dizia: “falta pouco!! contando os dias pra estar perto do meu amor”. Dias antes, no dia 30 de Junho, Joelson se desligou do seu antigo emprego como segurança de uma faculdade particular, na avenida Visconde de Souza Franco. No dia 4 de julho, sacou todo o dinheiro de sua indenização da conta bancária e se preparava para a viagem a Macapá.



RETRATO-FALADO

O delegado Luiz Xavier, da Divisão de Homicídios, informou que o taxista que conduziu o casal envolvido na morte de Jelson chegou a descrever o homem que acompanhava a mulher que serviu de “isca” para atrair Joelson. “Ele me descreveu o homem como sendo branco, com 1,80m, cabelos castanhos curtos, mas quando chegou aqui, com medo da imprensa, desistiu e passou a negar tudo”. Somente o retrato-falado da mulher foi divulgado pela polícia.

Para o delegado Luiz Xavier, o crime foi premeditado e possui requintes de crueldade, mais característicos pela vingança do que o crime passional. “Ele foi morto com 10 facadas nas costas e outras três no peito. Muito provavelmente, isso pode apontar indícios de que a vítima foi golpeada durante o ato sexual com a moça”, ressaltou.

Outra hipótese, segundo o delegado, é que a vítima tenha sido dopada. “Eles levaram os sacos plásticos e a faca. Mas tudo vai se esclarecer com a prisão dessa mulher. É ela que vai dizer os motivos para este crime”.  (Diário do Pará)

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