quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Quinze dias de uma cidade pelo avesso

Medir o impacto que o Círio tem na vida dos moradores de Belém não é fácil. As maiores atividades da Festa de Nazaré deste ano já passaram, mas a rotina da cidade continua modificada pelo evento, que se encerra oficialmente no dia 24 de outubro. O trânsito é o maior impacto.
“Já desisti de vir de carro para casa. Desde a semana passada deixei meu carro na casa da minha mãe e fico me locomovendo a pé ou de táxi”, conta a professora universitária Alessandra Rodrigues, cujo apartamento está localizado a poucos metros da Basílica Santuário de Nazaré, na travessa 14 de Março. Com o aumento do fluxo de veículos, estacionar na via se tornou difícil e perigoso. “Quando achei uma vaga, depois de horas dando voltas, levaram o meu limpador de para-brisa e de vários outros carros”, conta Alessandra.
Alterações que a princípio a assustaram, mas passaram a ser encaradas de forma positiva. “É uma adaptação que também tem vantagens, como o fato de eu ir mais à Igreja, conseguir ouvir de casa algumas apresentações musicais e ser acordada todos os dias com os fogos da manhã”.
Para Cristina Sobral, dona de um restaurante próximo à Praça Santuário, quaisquer incômodos são superados pelo aumento nas vendas. Mais pessoas circulando pelo local significam também mais clientes e maior faturamento. “Tinha um espaço dentro do arraial, mas desde que tiraram todos os comerciantes de lá investi em outros restaurantes, sem deixar a minha área, até porque minha casa é aqui do lado”.
Mesmo quem não mora no bairro de Nazaré, vai até lá usufruir do movimento. É o caso do guardador de carros Linomar Pinto, que deixou o “posto” na praça Felipe Patroni para cuidar das vagas perto da igreja. “É o quarto ano que venho pra cá. Antes ainda conseguia lucro maior, mas agora já tem quase tanto trabalhador quanto carro”, afirma, desapontado. Apesar disso, ele só pretende sair depois do Recírio. (Diário do Pará)

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