domingo, 12 de junho de 2011

A dura vida de quem flerta com a morte



Da Redação
Éder Mauro integra um grupo de profissionais que, por combater o crime e os criminosos, passou a ser alvo constante dos bandidos. E, por isso, vivem sobressaltados, em alerta permanente e tiveram que mudar seus hábitos. Mesmo quando faz suas caminhadas, Éder Mauro, diretor da Divisão de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), é sempre acompanhado, de perto, pela inseparável pistola. Com quase 27 anos de profissão, Éder Mauro diz que há 15 vem recebendo ameaças de mortes. Mas estas se tornaram bem mais intensas depois que ele, há dois anos, comandou ações que resultaram no "estouro" de seis laboratórios de refino de cocaína no bairro da Cabanagem, área então sob o comando do traficante Jocicley Braga Moura (Dote), que foi preso em duas ocasiões diferentes e, nos dois casos, ganhou liberdade concedida pela Justiça. Éder e sua equipe também trocaram tiros com "soldados" do tráfico, que morreram.
À época, a Polícia descobriu um plano para eliminar o policial civil. Os bandidos haviam registrado, com fotos, a rotina do delegado, inclusive as caminhadas que, até então, ele fazia na rodovia Augusto Montenegro. Em um primeiro momento, os comentários indicavam que a morte de Éder custaria, aos traficantes, R$ 100 mil. Depois, esse valor aumentou para R$ 300 mil. Atualmente, não se fala mais em valores. Mas as ameaças continuam.
O delegado conta que praticamente toda semana chega uma nova informação relacionada a essas ameaças. As notícias partem de informantes da polícia ou chegam ao núcleo de inteligência da instituição. Às vezes, as informações indicam que há bandidos de fora do Pará que vieram à capital paraense com a intenção de "fazer" (matar) o delegado. Éder Mauro leva a sério as denúncias. Ele já sofreu dois atentados. O primeiro há cinco anos, na Cidade Nova. O policial e a esposa estavam no carro. Os bandidos chegaram atirando. Ela foi baleada na perna. O policial reagiu. Um dos bandidos morreu.
Em um restaurante, o delegado Éder Mauro senta-se sempre de frente para sua esposa. A cena, que lembra uma romântica troca de olhares entre um casal apaixonado, é, na verdade, uma medida de proteção. Posicionados dessa forma, ele pode olhar o que ocorre em volta dela, enquanto ela observa qualquer movimentação próxima a ele. Assim, ambos ficam atentos a qualquer pessoa que, em atitude suspeita, aproxima-se do policial civil. Depois que passou a ter a cabeça a prêmio, por prender traficantes e apreender a droga comercializada por eles, o delegado mudou sua rotina. E a esposa dele também. Por causa dessa nova realidade, ela, que é advogada, aprendeu a atirar e a dirigir de forma defensiva, para, se necessário e em caso de um ataque, sair com o carro rapidamente, mesmo que seja de marcha a ré.
Ameaças
Quem luta contra o crime tem jornada dupla: mesmo sob pressão, ficar em paz
DILSON PIMENTEL

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