Há algum tempo, estudos já mostravam que Belém possuía um mercado imobiliário superfaturado, entre as cinco primeiras capitais no ranking de aluguel e dos metros quadrados mais caros do país. Isso, na prática, pode ser constatado nos classificados. No Rio de Janeiro, no bairro da Barra da Tijuca – que é considerado nobre –, o aluguel de um apartamento com dois quartos, sala e garagem custa em média R$ 1,2 mil. O preço médio (e, em alguns casos, até mais em conta) de um apartamento com as mesmas características localizado próximo à avenida Visconde de Souza Franco, no centro de Belém. Mas, afinal, de que forma este alto valor está modificando a realidade do paraense? A resposta está no preço disparate entre alguns bairros, onde a diferença no valor do aluguel pode chegar a 400%.
A capital paraense passa por um processo chamado de conurbação (a unificação da malha urbana de duas ou mais cidades, em consequência de seu crescimento geográfico). Trata-se de um inchaço populacional que faz com que na cidade, principalmente no centro, a procura por imóveis seja muito maior do que a oferta. Com esse crescimento, pessoas com uma renda média ou inferior estão cada vez mais procurando morar em bairros distantes e até mesmo em cidades vizinhas, a exemplo de Ananindeua e Marituba. Isso porque morar distante do centro pode significar alugar um apartamento pela metade do preço.
Nos classificados TEM, por exemplo, um apartamento de dois quartos em um condomínio fechado localizado na Estrada do Maguari, em Ananindeua, custa R$ 650. Já na travessa Padre Eutíquio, em um prédio sem elevador, um apartamento de dois quartos está com o aluguel no valor de R$ 1 mil. Em outro prédio, localizado na Batista Campos, o aluguel de um apartamento de dois quartos pode chegar a R$ 3 mil, ou seja, cerca de 4,5 vezes a mais do que o primeiro imóvel descrito.
Porém, essa diferença não costuma ser regra para todos os imóveis. “Costumamos ter como base a diferença de 100% entre os bairros do centro e os mais distantes. Imóveis com características semelhantes costumam valer R$ 600 na rodovia Augusto Montenegro ou em Ananindeua, e R$ 1200 reais em bairros como Nazaré”, explicou o corretor de imóveis Mario Campos. “Os bairros de Nazaré, Batista Campos e Umarizal são os mais caros. Se tiver um aluguel com o preço abaixo de R$ 1 mil, trata-se de um apartamento ou kitnet com apenas um quarto, sem vaga de garagem ou área de lazer, e em alguns casos são imóveis deteriorados”.
Essa realidade também determina o valor dos demais bairros da capital paraense. Quanto mais perto ou maior acesso ao centro, mais valorizado fica o imóvel. Uma exceção são as periferias que ficam próximas aos bairros nobres. “No bairro do Jurunas e na área da Pedro Álvares Cabral, ainda é possível encontrar apartamentos bons com preços de aluguel razoáveis. É o caso de outros lugares com esse perfil”, ressaltou o corretor. (Diário do Pará)
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